domingo, 6 de agosto de 2017

Após 10 meses de trabalho, grupo Sol do Meu Sertão estreia homenageando o humor do Ceará no São João

O grupo de Quixeramobim trará aos ‘arraiás’ toda irreverência do Ceará, recém intitulada por lei como Terra do Humor. Ganhará destaque o movimento ‘Ceará Moleque’ e ainda personagens que marcaram e marcam o humor cearense.

A cidade e o sertão já vivem o clima de São João. Com a chegada do mês de junho, não seria diferente. Para alguns, na verdade, o São João de 2017 começou mesmo no ano passado, como é o caso dos integrantes do tradicional grupo quixeramobinense, Sol do Meu Sertão.

O SerTão acompanhou, neste mês de maio, de pertinho, os preparativos do grupo para mais uma temporada junina. São muitos compromissos, confecção de roupas, estruturas e muito, muito ensaio para deixar o espetáculo impecável em quadra. Entre o vai e vem da correria de preparação, o SerTão ouviu alguns dos integrantes que falaram sobre o grupo, suas conquistas e o projeto 2017.

Segundo Edson Madeiro, cantor do grupo, a temática de 2017 surgiu de uma conversa descontraída de amigos, quando o mais “gaiato” ter contado um “causo” tipicamente cearense, e todos – sem exceção. Uma verdadeira crise de riso descontrolada se espalhou e eles não conseguiam mais parar de dar aquelas “gaitadas”, que deixava o clima ainda melhor. Quando todos, enfim, conseguiram se controlar da “crise”, o mais concentrado da turma perguntou: Já pensou se a gente não pudesse rir? Como seria? Eis, então, a pergunta que motivou a construção da temática 2017 da quadrilha.

Aquela conversa de conteúdo “moleque”, assim, passou a ser catalisadora de grandes discussões desde agosto de 2016 e começou a ser colocada como ponto de partida em um tema inovador para o São João, ao mesmo tempo que, faz parte do cotidiano de quem mora na terra da luz. Para chegar as quadras dos arraias foram longos dias de pesquisa, reuniões, viagens e discussões até chegarem ao “Ceará Moleque”, movimento de grande relevância para a construção do que hoje é o humor do Ceará.

Em cena, eles falarão sobre aquele grito que só o cearense tem: “ieeeeeeeeei”! Você sabia? A vaia cearense surgiu em um lendário dia, 30 de janeiro de 1942, quando o sol resolveu rebentar as nuvens, perto da Coluna da Hora, na Praça do Ferreira, em Fortaleza, uma sonora vaia recebeu de quem estava por ali! Não há indícios de nenhum outro povo que tenha vaiado o “astro rei”. “O Cearense, então, vaiou o sol para mostrar que é mais quente que ele e não dá mole não. Luiz Gonzaga, o rei do baião, já cantava sobre o Ceará e o seu povo dizendo: “(...) Tenho visto tanta coisa nesse mundo de meu Deus, coisas que “prum” cearense não existe explicação (...) No Ceará não tem disso não, não tem disso não, não tem disso não. Os cearenses não choram miséria como fazem em outros lugares, não choram sem motivo realmente plausível, não sofrem sem sentir dor grande nem ficam remoendo problemas sem soluções”, disse Madeiro ao SerTão.

O jeito irreverente dos cearenses de ver riso até nas mazelas da vida, de buscar como força o “achar graça” da desgraça foi, no mínimo, a inspiração do grupo, que contará ainda um pouco da história de Quintino Cunha, aquele que talvez tenha sido o precursor do humor do Ceará.

A concepção do projeto
“O projeto 2017 do grupo Sol do Meu Sertão é uma construção coletiva, pensada e executada por todos os agentes do trabalho junino, ou seja, ousou-se investir nas novas formas de pensar e no mesclar de conhecimentos, “saindo da caixa” e criando um ambiente propício para a criatividade onde todos (desde diretoria até brincantes e produção) consigam contribuir para a concepção do projeto. Traremos à tona a história do humor cearense, mostrando ambientes, fatos e causos, além dos personagens que compuseram e que ainda compõem essa parte tão forte e marcante de nossa cultura. Os grandes nomes do Humor: Chico Anysio, Tom Cavalcante”, disse Ederson Alves, presidente do grupo.

Renato Aragão, Tiririca, entre outros, fazem parte do seleto grupo de nomes cearenses que se destacaram nacionalmente pela forma de usarem o humor como porta principal de seus trabalhos. Este é o mesmo caso de Antonio Fernandes, filho ilustre do município de Quixeramobim, que com sua personagem Skolástica traduz em riso o modo de viver, de se portar e de ser do sertanejo. Desde os tempos de criança o ator e comediante já divertia seus colegas de colégio e já demonstrava talento ao fazer piada do seu próprio dia-a-dia. O grupo revelou ao SerTão que Skolástica ganhará forma em plena apresentação.

Conheça mais como virá a quadrilha junina em seus destaques:

Regional de Luz
Representará a irreverência e a comicidade do humorista Falcão, que além de artista do riso é cantor e compositor, tendo gravado nove discos e utilizado a música como outra ferramenta de fazer humor. Trará, também, como inspiração “Ramos Cotoco”, o excêntrico boêmio que era músico e compositor e que faz parte do vasto leque de figuras do “Ceará Moleque”.

Repertório Musical 
As músicas do espetáculo junino “ se a gente não pudesse rir? No ceará não é assim!”, seguirão a temática de diversas maneiras, trazendo ritmos contagiantes e alegres. Contaremos com um repertório utilizando letras inéditas que contem a história do humor cearense, que homenageie humoristas e personagens e que interliguem ao mundo junino tudo isso. Haverá utilização de alguns instrumentos diferenciados, feitos de material reciclado.

Cenário
Tudo acontecerá na Praça do Ferreira, contando com objetos cênicos: bancos e a Coluna da Hora. Formando um grande arraiá na praça, comemorando São João, com muito humor e irreverência como faz muito bem o cearense.

Figurino
Desenho desenvolvido pelo estilista Paulo Pinho, a indumentária dos brincantes da Quadrilha Sol do Meu Sertão foi pensada para colorir o olhar, os pensamentos e o coração dos espectadores, remetendo sempre ao humor e aos festejos juninos, contando com trabalhos de laços, flores exageradas, “patchwork” colorido, brilho sobreposto em cores escuras, mostrando que no Ceará a alegria se sobrepõe a tristeza através do humor.

Marcador 
Representa o “Bode Ioiô”, personagem este que sempre esteve na Praça do Ferreira, viu e participou de quase tudo na Fortaleza antiga e não poderia deixar de comandar o arraiá, afinal, se ele foi eleito até vereador, por que não poderia ser marcador de quadrilha junina?

Casal de Noivos
São os “gaiatos” que se apaixonam um pelo sorriso do outro, feitos para viver felizes para sempre, mesmo frente às desgraças. Como na vida, quando alguém nos rouba o sorriso, aqueles que amamos devolvem com muito amor, assim será no espetáculo, os noivos darão um ao outro sempre alegria e felicidade.

Rainha
Figura emblemática. Responsável pela mutação de humor em cena. Ela resguardará em sua apresentação a falta de humor, que após receber a "Vai ao Sol", resplandecerá o seu riso e a tornará o grande esplendor de luz e alegria, a transformando em Rainha do Humor Cearense.

Do Portal Sertão Para Ser do Ceará

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